quarta-feira, 21 de março de 2007

Água: o recurso que defende o homem da miséria

Cerca de um quinto do volume de água doce do mundo escoa da Bacia Amazônica e 60% dela estão em território brasileiro – um dado por si só suficiente para justificar a responsabilidade sobre a gestão deste recurso cada vez mais escasso no planeta e que no Brasil representa o paradoxo de ser, ao mesmo tempo, abundante e extremamente escasso.
Se na Amazônia há abundância de água, no Semi-Árido cada habitante sobrevive com menos de 500 m3 /ano. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), vazões inferiores a 1000 m3 já são consideradas insuficientes para atender às necessidades essenciais de uma pessoa. A realidade revela e assusta: mais de 7 milhões de brasileiros são submetidos a condições abaixo dos níveis considerados mínimos para uma sobrevivência digna.

Falta de água, insegurança alimentar e pobreza. Reduzir esses problemas tem sido o maior desafio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Por meio do programa de construção de cisternas, atualmente cerca de 158 mil famílias já têm garantida água potável para matar a sede e cozinhar.

Desde 2003 até o ano passado, 1.023 Municípios de 11 Estados que sofrem com a estiagem severa, em pelo menos quatro meses por ano, foram beneficiados por parcerias firmadas pelo MDS com a organização não-governamental Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA), governos estaduais e municipais. Todos unidos em torno da meta de lutar para que o sertanejo tenha uma vida menos sofrida, sem precisar abandonar a terra em que nasceu.

Se não é possível contar com a água dos rios em algumas bacias das regiões hidrográficas do Atlântico Leste, Parnaíba e São Francisco, as cisternas são a melhor alternativa: é a chuva que enche os reservatórios de cada família. São 16 mil litros da mais pura água, que têm revolucionado a vida de muita gente. As longas caminhadas pelas poeirentas estradas sertanejas em busca de um líquido salobro, que compromete a saúde, principalmente de crianças e idosos, não são mais necessárias.

“Essa iniciativa do MDS representa um avanço significativo, pois contribui também para o cumprimento das Metas do Milênio, relacionadas ao combate à pobreza e ao acesso à água”, comenta o coordenador do Programa de Cisternas da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), Igor Arsky. Ele lembra que, entre 2005 e 2006, o número de reservatórios construídos com recursos do Ministério saltou de 38.929 para 68.694 e que, para 2007, já estão garantidos R$ 69 milhões para serem investidos em novas obras. Cada cisterna custa em média R$ 1.500,00.

Água do fundo da terra – Mas, não é só a água da chuva que pode melhorar a vida de quem precisa, Brasil a fora. O que vem do subsolo também se torna fundamental. O projeto de recuperação de poços, desenvolvido pelos ministérios do Desenvolvimento Social e Minas e Energia (MME), Petrobrás e governos estaduais, já começa a beneficiar cerca de dez mil moradores de 21 Municípios no Rio Grande do Norte.

Identificados pelo Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (Siagas), do Serviço Geológico do Brasil, do total de 130 poços na região, 14 voltarão a ser explorados. O critério de escolha se baseia na proximidade de comunidades num raio de três quilômetros, disponibilidade de energia elétrica e qualidade da água.

Hoje, em todo o território brasileiro existem 118.599 poços, muitos deles abandonados em regiões desabitadas. Outros são explorados em atividades de lazer, em proveito particular e não coletivo, o que poderia beneficiar milhares de pessoas que ainda dependem de carros-pipa para levar água até suas famílias.

Os primeiros Municípios atendidos fazem parte do Consórcio de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (Consad) da região do Agreste Potiguar, também implantado com o apoio do MDS. As perspectivas de desenvolvimento regional a partir da reativação de poços vai beneficiar outras cidades pertencentes a Consads. A partir deste mês de março, começa a escolha dos poços em nove cidades do Consad Sertão do São Francisco e nas 21 do Consad Médio Jequitinhonha.


Informações para a Imprensa
Kátia Marsicano
(61) 3433-1052
ASCOM / MDS

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